É pra você Fernando Pessoa!
Você disse:
- Todo poeta é um fingidor...
Pois, não generalize Fernando Pessoa.
De modo que se você ou a maioria
dos outros poetas estão fingindo,
eu não estou!
Eu sinto tão bem a dor que escorre do meu pulso.
Eu não sou fingi/dor porque eu sei o que é sangrar
O que é doer e não poder gritar.
Eu estive na merda!
Eu não sou um fingidor de maneira alguma, senhor.
Minha dor é tão real que não uso heterônimos...
E meu pseudônimo é a leve maneira que eu encontrei
Para escrever escondido da censura familiar.
E custe o que custava, eu dei minha cara a tapa!
Eu botei no papel tudo que um dia eu cheirei.
Eu botei no papel todos os porres que tomei.
Eu botei no papel toda angústia, todo sofrimento
E mais cedo, cada vez mais cedo
Eu já não tinha mais medo.
Benditos controlados.
Controle exato.
Taxativo, multifacetado, poeta das ruas
Infâmia das glórias...
Ah! Fernando Pessoa.
Eu e Freud já nos batemos muito.
E eu sei o que é um ano, dois anos a mais...
Tudo isso não passa de um pérfido teatro mágico.
-Eis que fingidor não sou.
Nem sou desses fingidores que se espalham
Colocando malditos alfinetes nos braços
Para fingir tão bem a “ dor” que deverás sentir...
Eis que sou cru
Como um cheiro de alcatrão
E não é bonito dizer isso
Da mesma maneira que não é bonito
Dizer que existem palavras pra todos ...
Absolutamente, não existem palavras para todos, não!
@J. ROWSTOCK